POEMA QUINTO
- Rosana Almeida
- 2 de jul. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 21 de ago. de 2020
... a força da primavera seria nada se o inverno não tivesse dormido
José Saramago em O Evangelho segundo Jesus Cristo

O frio de setembro rapta minh’alma
jovem do corpo já nem tanto
trêmulo de baixo das cobertas,
cobertores cobertos de pelos e abraços
mornos. Esperança em banho-maria.
Os nervos, cordas tangidas pela sensação
térmica de dedos polares que se estendem
do último buraco de gelo onde um esquimó
pesca um peixe.
Pernas e braços arrepiados tilintam as molas
inquietas e suplicam que as mãos larguem
a caneta e seja deixada a escrever sob a força
do pensamento que, corajoso, sai em busca
do sol em veredas quentes e quietas num encontro
marcado em frente ao fogão de lenha
da eternidade.
E, num sonho, tuas mãos me assediam e
me transformam em poesia.
Komen