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POEMA SEGUNDO

  • Foto do escritor: Rosana Almeida
    Rosana Almeida
  • 2 de jul. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 21 de ago. de 2020

Nem deu tempo...



Nem bem deu tempo

Das manchas vermelhas

deixadas em seus ombros

pelas palavras e imagens

cruéis se tornarem roxas

violetas e amarelas de sol

ao entardecer

Ombros cansados de carregar

o peso de um amor

insólito

Nem bem deu tempo de ela repassar

repetições, clichês, todas as vezes

que ele a deixou sozinha e

enganada num porto, a espera

de navios nunca dantes nem

depois atracados

.

Em sua cama de serra,

gelada e úmida, com

travesseiros de rochas

molhadas pela chuva

torrencial de lágrimas.

Ele no sofá praia do mar

do quarto contíguo

nem percebia o riacho

fresco de lágrimas onde

a gata saciava sua sede

de carícias.

Nem bem deu tempo de ela

se responder à pergunta

tanto antes re-

petida, re-formulada e

transformada numa tentativa

de disfarçar a velha resposta com

sílabas e pontuações novas – a

realidade (dele) re-conhecida.

Porque só reconhecemos aquilo

que já conhecemos

um dia.

Nem bem deu tempo de

ela respirar fundo e deixar que

a forma da água fria despertasse

o seu sorriso

Nem bem deu tempo de

imaginar qual seria

o sabor do beijo de perdão

e conciliação e de re-lembrarem

a força do cosmos que

os mantém em união.


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