POEMA PRIMEIRO
- Rosana Almeida
- 9 de jul. de 2020
- 1 min de leitura
Você já imaginou se soubéssemos o nosso momento de morrer?

Quem sabe ao despertar
em qual momento e de que forma
os seus olhos irão fechar?
Se pelo cansaço do anoitecer
ou no término de todos os
actos e morrer
Não há preparo para a morte,
esta lição ninguém precisa aprender.
Nem por isso justifica
qualquer forma de viver
Se tu brincas de lobo-mau
espreitando a Chapeuzinho
jogando de virilidade infantil
aos olhos do caçador
de rifle e pistola automática,
tu te armas de espoleta e estilingue
E a pobre e sábia vovozinha
que quando tu levas o milho
já te trouxe a farinha
na solidão das noites frias
tricota o fio da poesia
E se ninguém sabe ao despertar
as mudanças climáticas que
irá enfrentar
qual beijo doce baterá suas asas de pardal
cansado, no vidro da janela do quarto
principal
Numa casa onde há frestas
de alegria, espectros
de contentamento e
memórias de carícias sonhadas,
apenas.
Asilo de ilusões cansadas que
guardam a prata dos cabelos
de um príncipe há muito
desencantado.
Também nunca sei se
acordo Borralheira ou
Cinderela
Mas enquanto tu brincas
de soldadinho de chumbo amputado
sonhando com a bailarina.
Antes d’eu cair na fogueira
guardarei na pele ressequida
de meus pés inchados
as formas esquecidas de
teus poemas predilectos.
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