RAPPORT DE ALMA

Esse povo que vende livros sobre a linguagem dos gatos não entregam...

Esse povo que fica vendendo livro sobre a linguagem de gato, não dizem que só se sentirão compreendidos quando você fizer o que eles querem. Caso contrário, não.

Fiz uma pausa no lavar a louça e estava sentada em uma cadeira branca, perto da pia. Veio a minha gata, Tina, toda manhosa, com miados emocionalmente apelativos. - Miau! Miau! Minnhauu! Disse a ela que a amava muito e que estava muito interessada em entender pelo que sua alma estava suplicando. -Miau! Miau! Minnhaauu!!

Ela continuou passeando entre as pernas da cadeira, se enroscando, coçava o pelo, passeava por baixo do acento e miava. Miados de súplica. Olhava para mim e insistia: iiiééuuu... agora com outras palavras da língua de gatos. Resolvi então fazer um rapport de alma. Olhei bem em seus olhos. Fiz uma conexão poderosa, mente com mente. Olhos nos olhos, só faltou joelho com joelho. Tentei ao máximo ficar do seu tamanho. Disse-lhe que todas as células do meu corpo estavam desejosas de compreendê-la. Que eu sou a pessoa que mais a ama no mundo, que essa é a casa dela. Em nenhum lugar desse planeta ela irá experimentar uma sensação de pertencimento tal qual ela sente aqui. - Miau! Miau! Minnhaaau!

Tentei ficar ao máximo do seu tamanho.

Estava começando a me sentir mais frustrada que ela. Impotente e incapaz de acolher as suas súplicas. Respirei fundo e disse que ia terminar de lavar a louça e voltaríamos a conversar. Pedi que não se sentisse desmerecedora da minha atenção só porque eu estava terminando uma tarefa. Seria para um conforto maior nosso e que eu seria inteira dela. Levantei-me e voltei à tarefa adiada. Ela, mais que depressa, subiu na tão amada cadeira branca e parou de miar. Absolutamente calma e serena. Era isso o que ela queria de mim, a minha cadeira. A minha cadeira, não! A dela.

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